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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

20)- O Vendedor de Vassouras (Crônica)



Num dia qualquer, quente, a cidade fedia, os seus ares tomados pela fuligem das fumaças e o trânsito insuportável nas principais avenidas não intimidavam certo vendedor de vassouras que cantava no canteiro central de uma dessas avenidas movimentadas.
Mulheres, gays, crianças e homens de todas as estirpes passavam por ali, uns davam atenção para a canção do Vassoreiro, outros, faziam dele um fantasma que ali estava em plena luz do dia – invisível.
O Vassoreiro um sorriso dava quando conseguia uma venda, cantava, mas não encantava, aquele objeto era só uma necessidade e o Vassoreiro apenas um alguém que ali estava para isso mesmo...
Cansado de ser aquele que cantava, mas que a atenção quase ninguém o dava, prometeu para si mesmo que se vingava. Os dias frios e quentes se passavam e aqueles desejos de vingança lhe aguçavam, tal agudeza que o acabrunhava e esse acabrunhamento de nada adiantava.
A sua própria raiva o confrontava. Um determinado dia o Vassoureiro silenciara. As pessoas que ali passavam e para ele olhavam já nenhum sorriso davam e aqueles raros sorrisos já o faziam falta.
Outro dia qualquer, quente, a cidade fedia e os ares tomados pela fuligem das fumaças e o transito insuportável nas principais avenidas o Vassoreiro decidiu voltar a cantar. Os sorrisos reconquistar. Mas já era tarde, porque todas as pessoas já o ignoravam.  

[Fernando de Souza Júnior]
    

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