segunda-feira, 22 de outubro de 2012
68)-O Amor dos Idiotas (Poema)
Quem acredita no Amor é Idiota!
O Amor pertence só ao Diabo...
Os Idiotas se esquecem que o Diabo
também ama em sua doce mentira.
Verdade, os Diabos são fingidos,
sádicos e genuinamente maus.
Sabem bem como fazer dum Idiota
um vilão, um criminoso serial...
Os Idiotas também amam...
Mas o mal dos idiotas é o pecado
de amar o Diabo, porque é do Diabo
o Amor dos Idiotas! Coitados.
Pois o depoimento do Diabo
sentencia um Idiota, difama-o,
crucifica-o em rede nacional.
Idiota, como pôde ter amado?!
Culpado!
[Fernando de Souza Júnior]
12 de Outubro de 2012
67)-Pode ser Poesia (Poema)
O nosso encontro pode ser Poesia,
mesmo que sejam versos imperfeitos
ou palavras passeantes é importante
que as Poesias te traga à mim.
O nosso desencontro pode ser Poesia
que se inspira num simples fim,
num aperto de mãos, um tchau basta
para que nos transformemos em versos.
O que sentimos pode ser Poesia
porque o que sentimos é secreto,
protegemos os nossos íntimos
por causa do Amor que nos interessa.
O que lemos pode ser Poesia,
a frase que nos aproxima
é a prosa que soa baixinho
de forma inconsciente dos lábios teus.
O que escrevo pode ser Poesia,
porque são palavras eternas
repletas de saudades que transformo
em ausências que podem ser Poesias.
[Fernando de Souza Júnior]
12 de Outubro de 2012
66)-O Beijo Amigo (Poema)
O pior beijo é o beijo amigo.
Engana-me de forma tal
que por alguns instantes
me faz pensar que sou amado.
Errado! Somos apenas amigos,
não amados. Somos instantes,
não amantes. Somos lembranças,
sem transa. Amigos não transam...
Ser "o amigo" é viver em fantasia.
Chato é receber um beijo amigo,
malditos abraços sem intensões,
malditos beijos sem malícia...
O pior beijo é o beijo amigo.
Engana-me de forma tal
que por alguns instantes
me faz pensar que finalmente...
[seremos mais do que amigos].
[Fernando de Souza Júnior]
11 de Outubro de 2012.
65)-Jardins Ressentidos (Poema)
a graça perde o riso,
o riso perde a razão
e a razão perde o sentido.
Mesmo que hajam tantas flores
e tantas cores nestes jardins
as borboletas já não voam mais
pelos jardins ressentidos do Poeta.
Sei que os jardins sentem.
Aliás, são jardins de gente,
que um dia se deslumbrou
com os voos das borboletas.
Te espero sem sentir o tempo
que passa e me envelhece.
Ouço-te cantando nos palcos
da memória no ritmo dos ventos.
P.S.: "Entristeci-me quando percebi que foi tudo fantasia..."
[Fernando de Souza Júnior]
10 de Outubro de 2012.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
64)-Caetano canta baixinho... (Crônica)
Depois de tanto escrever, me arrependi e
arranquei furiosa algumas das páginas desse diário porque tudo o que eu havia escrito
sobre mim estava errado. Eu mesma não me conheço. Estúpida! Narrei parte da
minha vida de maneira confusa, li e reli todas aquelas palavras que se
equilibravam nas linhas para fazer desta minha vidinha um espetáculo decente,
algo que enchesse e impressionasse os olhos do honorável público. Impossível...
não há como ser interessante quando se vive parada no tempo, tudo parece tão
desconexo. Já não faço mais sentido – ou faço, mas o que eu ainda não entendi é
que o meu sentido é outro. Que outro?! Tudo errado... Agora entendo porque é
tão difícil acreditar nas lembranças, elas variam a todo instante!
Mayara F., esse é o meu nome. Tenho vinte e um anos e o meu lugar favorito ainda continua sendo aqui, o
meu quarto - aqui eu escondo as minhas intimidades. Aliás, aqui é o meu mundo. Nossa, já é madrugada, o relógio acelera o tempo, pra mim tanto faz, todos os dias é um hoje qualquer. Agora me dedico a escrever. Escrevo
cuidadosamente essas frases para que estas de maneira alguma herdem a estupidez
que fiz questão de amassar e jogar no lixo. Penso... Penso em mim mesma, a luz
branca do abajur ilumina a folha de papel que aos poucos se preenche de mim, a
minha face é oculta, além de eu não mais me reconhecer esqueci-me de como é o meu
rosto – não me olho no espelho já fazem cinco anos... Mas isso não interessa,
eu acho.
O rádio está ligado, num volume baixinho Caetano canta lindamente a melodia que me faz sonhar: “Que vontade que eu sinto/De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços/É
verdade, eu não minto...” Essa música sempre toca, parece que é exclusivamente pra mim. As músicas são compostas para serem nossas e “Você não me ensinou a te esquecer” foi
escrita para ser minha. Toca baixinho enquanto escrevo e imagino... Sabe, sempre quis viver um romance. Creio que
isso já não mais existe. Ou existe? Você, leitor que vive aí fora responda-me: Ainda
existem romances? Oras... maldita hora que me perdi neste vazio, que me atirei
no abismo da solidão por causa nenhuma. Não existe depressão em mim, nada
existe aqui. Ou existe? Você, leitor que vive aí fora responda-me: Além da canção
existe alguma coisa em mim?
Tenho a sensação de que aqui está ficando tão pequeno... Mal cabe a minha cama, minha escrivaninha, meu criado mudo e os meus sonhos! Sim, sonhos,
eu também tenho os meus. Enquanto a música toca, eu escrevo e faço planos para
o meu casamento. Sou apaixonada por um “alguém” que na verdade nem conheço, mas
já o tenho como marido. Deus deve estar cuidando dele pra mim... Então eu
escrevo essas palavras à ele: “Quero que
venha me encontrar, quero que me conheça... saiba que aqui estou a espera de ti
(risos)”.
Querido diário; não tenho mais forças para continuar, ou seja, por hoje chega! Enquanto imagino um fim louvável para as minhas fantasias Caetano canta baixinho: “já cheguei a tal ponto/de me trocar diversas vezes por você/só pra ver
se te encontro...”
Primavera de 2012.
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