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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

24)- Os Passos (Poema)



Os passos fora de ritmo
correm desgovernadamente,
hipócritas, não enxergam,
pisoteiam, massacram
os pobres miseráveis.

De estação em estação
todos os passos rumam
como se nada ocorresse, 
mas está. Lá, aqui e ali...
Em simultâneos momentos.

Os passos não se preocupam,
os passos chutam, simplesmente.
Os passos andam, inconscientemente,
os passos nada tem haver com aquilo.

[Fernando de Souza Júnior]


23)- Voz


Ouço alguém me chamar...
Me chama, me chama...
Mas não vejo quem!
Uma voz no além?!
Não sei, prossigo, 
ignorando-a.

[Fernando de Souza Júnior]
05 de Setembro de 2006


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

22)- Entreatos (Poema)

*Imagem: (1866-1944 — Wassily Kandinsky/“Composição Clara”  (1942), óleo sobre tela (73,0 × 92,3 cm).

Entre todos, ela era a única
chorava querendo um "quê".
Chorava, chorava, chorava...
Não sei pra quê.
Atraia a atenção de todos,
mas todos a ignoravam
não sei porquê...

Por onde eu olhava
via os velhacos contarem
histórias de vários capítulos,
de personagens diversos,
histórias com os mesmos fins,
a cegueira.

Na banca todos leem o Noticiário.
Será que eles estão preocupados?
Preocupados que nada...
Eles não tem o que fazer.

Manca de um lado pro outro,
distribui um texto vago.
Um texto sem autoria,
talvez o autor seja ele,
mas o que ele não sabe
é que nós somos como ele. 

[Fernando de Souza Júnior]
19 de Julho de 2006

21)- Dia dos Pais (Poema)


Amanhã será o Dia dos Pais.
Há Pais que serão reconhecidos
e outros que serão esquecidos.

Os reconhecidos foram bons Pais,
os esquecidos foram maus Pais.
Estes transformaram seus filhos em maus pais
que também serão esquecidos neste dia.

Portanto, sejam todos, bons pais
para serem eternamente reconhecidos. 

[Fernando de Souza Júnior]
12 de Agosto de 2006.

20)- O Vendedor de Vassouras (Crônica)



Num dia qualquer, quente, a cidade fedia, os seus ares tomados pela fuligem das fumaças e o trânsito insuportável nas principais avenidas não intimidavam certo vendedor de vassouras que cantava no canteiro central de uma dessas avenidas movimentadas.
Mulheres, gays, crianças e homens de todas as estirpes passavam por ali, uns davam atenção para a canção do Vassoreiro, outros, faziam dele um fantasma que ali estava em plena luz do dia – invisível.
O Vassoreiro um sorriso dava quando conseguia uma venda, cantava, mas não encantava, aquele objeto era só uma necessidade e o Vassoreiro apenas um alguém que ali estava para isso mesmo...
Cansado de ser aquele que cantava, mas que a atenção quase ninguém o dava, prometeu para si mesmo que se vingava. Os dias frios e quentes se passavam e aqueles desejos de vingança lhe aguçavam, tal agudeza que o acabrunhava e esse acabrunhamento de nada adiantava.
A sua própria raiva o confrontava. Um determinado dia o Vassoureiro silenciara. As pessoas que ali passavam e para ele olhavam já nenhum sorriso davam e aqueles raros sorrisos já o faziam falta.
Outro dia qualquer, quente, a cidade fedia e os ares tomados pela fuligem das fumaças e o transito insuportável nas principais avenidas o Vassoreiro decidiu voltar a cantar. Os sorrisos reconquistar. Mas já era tarde, porque todas as pessoas já o ignoravam.  

[Fernando de Souza Júnior]
    

19)- Outras Histórias (Poema)




Eu aqui dentro,
eles lá fora.
Dois Universos,
duas histórias...

Eu aqui dentro
me crio como personagem,
invento os momentos,
sou presente no tempo.

Eles lá fora
não podem inventar,
são tristes prisioneiros
do tédio e da monotonia.

Eu aqui dentro
sou só palavras
presas nas páginas
caladas e sentidas.

Eles lá fora
são verdades mentidas
bebem, fumam e cheiram
até se figurarem pervertidos.

Eu aqui dentro,
eles lá fora.
Outras vidas,
outras histórias...

[Fernando de Souza Júnior]
30 de Agosto de 2006.

18)- Andarilhos e Esmoleiros (Poema)



Eles são a maioria...
Vivem sonhando,
vivem pensando,
vivem vagando.

Eles são a maioria...
Estão sempre presentes,
estão em todas as partes,
estão por todos os lados.


Eles são a maioria...
Moram nas praças,
moram nas ruas,
moram nos guetos.


Eles são a maioria...
Em todas as cidades,
em todos os Estados,
em todo o país.
Eles estão sempre visíveis.


Eles são a maioria...
Andam a pé,
cheios de fé
no Parque D. Pedro
ou na Praça da Sé.


Eles são a maioria...
Eles não tem nome,
eles não tem casa,
Eles sentem fome.


Eles são a maioria...
Andarilhos e Esmoleiros.


[Fernando de Souza Júnior]
31 de Julho de 2005.

17)- Águas de Chafariz (Poema)



Águas de chafariz 
Em torno dos monumentos.


Águas de chafariz
Que embelezam as praças.


Águas de chafariz
Que dão brilho à cidade.


Águas de chafariz
Que refrescam os nossos olhos.


Águas de chafariz
Que glamorizam as praças.


Águas de chafariz
Que matam a sede da miséria urbana.


Águas de chafariz
O que seríamos sem ela?


[Fernando de Souza Júnior]
30 de Agosto de 2005.

16)- Primário (Poema)



A noite acaba,
nasce a alegria,
então eu acordo
para sentir o dia.

Vou procurar o saber,
na escola tentar compreender
e junto com os meus amigos
aprendo como é viver.

Com os nossos professores,
assim como a dona Dolores,
explica como são os fatores,
então, a contribuo com flores.

Quando toca o sino
me despeço dos amigos
contorno o resto do dia
com tudo fazendo sentido. 


[Fernando de Souza Júnior]
05 de Outubro de 2004

15)- Branco de Giz (Poema)



O branco de giz e os sete alunos...
Como entenderão os números?
Nunca entendem nada...
Os pensamentos são nulos.


Quando o giz branco rabisca
as equações desafiam...
E todos os sete alunos
na sala vazia cochicham.


Todos querendo entender
as teorias do branco de giz. 


[Fernando de Souza Júnior]
07 de Outubro de 2004.

14)- Rotineira (Poema)



Todos os dias pela manhã
eu respiro livremente,
sinto o poder da minha alma
e a clareza da minha mente.


Eu sento na calçada
e vejo uma sociedade
vagas de pensamentos
e rotineira abalada.


Todos caminham em silêncio
sempre no mesmo sentido.
O que se passam em suas mentes 
ou em seus corações feridos?


Uns com os pés cansados 
depois de muito trabalho,
outros na praça sentado
por estarem desempregados.


Em alguma hora tardia
espera-se o melhor da vida...
São as luzes que se apagam
a espera de um novo dia.


[Fernando de Souza Júnior]
01 de Outubro de 2004 

13)- Amália (Poema)



Uma Oriental linda e atraente.
Assim como o céu azul de verão
Amália brilha em meu coração
e apaga em mim a triste solidão.


O seu olhar me atrai fortemente,
a sua beleza carrega uma Química
e uma solução envolvente.
Procuro entender esses sentimentos...


Não existe fórmula para o entendimento.
Carinho, Amizade, Amor ou Paixão?
Dentro de mim foram equações sem respostas,
mas o meu coração ganhara um novo nome: Amália. 


[Fernando de Souza Júnior]
14 de Agosto de 2004.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

12)- A Vida que Mata (Poema)


Quando a brincadeira ganha vida
a vida acaba com a brincadeira.
O que era emoção não é mais emoção,
agora é só tristeza no quarto da menina.


Os brinquedos não tem mais vida,
as bonecas não valsam mais,
os ursos lamentam a morte da menina
e eu, desaventurado, caminho sozinho. 


As palavras caem lentamente no chão
se estilhaçam como vidro tornando-se
pedacinhos de estórias. Estórias que,
juntos, ousamos brevemente viver. 


Não há mais papéis sobre a mesa,
as canetas já não cirandam mais, 
a menina não está mais lá embaixo...
O quarto está frio, mórbido, sem poesia.


Essa é a vida que mata,
que estilhaça a palavra
e com a infância acaba.
Quem liga para fantasias? 


[Fernando de Souza Júnior]

sábado, 24 de dezembro de 2011

11)- Carta ao Poeta (Poema)



Eu sou a projeção,
a obra mais rara,
Poesia infinita,
Ser sem coração.

Um dia eu fui verdade,
no outro fui mentira.
Nunca estive com você
nessa tua fantasia.

Eu nunca vos conheci,
mas sou sua personagem.
Vivo nos seus contos,
sou pra ti uma miragem.

Enquanto és para mim invisível,
sou pra você inspiração,
não me espere em tua vida
porque sou tua imaginação...

P.S.: "Em resposta ao Poeta desconhecido"

[Fernando de Souza Júnior]  

10)-Ela Existe, Eu Existo... (Poema)





Ela existe...
Em algum lugar.
Ela é verdade...
Em algum lugar.


A menina é a Arte
que viveu em segredos,
despertou o imaginário,
amou, chorou e mentiu.


A Arte é a menina
que sem saber
tinha outra vida
que vagava nas noites.


A menina é pele
que não é pele,
fantasia, realidade,
força irredutível.


A menina é mistério,
é o toque intocável,
é o calor mais frio,
e o desejo indesejável.


Eu existo...
Em algum lugar.
Eu vos espero...
Em algum lugar. 


P.S.: Dedicado a menina-fantasma.


[Fernando de Souza Júnior]

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

9)-Dois Esboços (Poema)



Não estamos tão perto,
mas alimentamo-nos da quietude.
Só temos vida noturna,
não sabemos o que é certo.

Foi tu um corpo triste,
fui eu um corpo solitário,
somos nós corpos incolores
num mundo que não existe.

Como podemos ter um fim
se eu nunca estive contigo?
Que valor tem essa amizade
se não estás aqui comigo?

Se não temos rostos
não podemos ter expressões.
Se não temos cores
somos nós dois esboços.


[Fernando de Souza Júnior]

8)-Somos... (Poema)



Somos vida na madrugada
quando fico imaginando você
pegando um lápis e uma folha
e me transformando em palavras.

Somos vida na madrugada
quando você pensa em mim
pegando um lápis e uma folha
e te transformando em sonhos.

Somos vida na madrugada
quando saímos do lápis
para dançarmos numa folha
e ganharmos vida nas poesias. 

[Fernando de Souza Júnior]

7)-Avise ao Amor (Poema)



Ser viajante solitário
é chegar para não ficar,
entrar quando convidado
e boas lembranças deixar.

Estar só é viver tranquilo,
ser passageiro é ser eterno
sem deixar corações feridos
e eternizar os abraços ternos.

Loucura é lembrar com dor
o momento não momentâneo,
confundir Amor com impulso,
história não é algo espontâneo.

Eu não rejeito o destino.
O seu olhar levo na bagagem
junto com o seu "Desatino"...
Avise ao Amor que eu sigo viagem.

[Fernando de S. Júnior]

6)-Medo do Meu Medo (Poema)





É madrugada e me derramo em letras...
Um Universo tão grande que me perco.
O tic-tac do relógio é a trilha sonora,
a busca pela inspiração é o meu desespero.

Fiz das poesias a minha intimidade,
por vezes é difícil crer no que escrevo.
É lamentável saber que na realidade
sou o inimigo de mim mesmo.

Eu não sei mais se sou um Ser real...
Acho que sou personagem nessa viagem
brincando de ser do bem e de ser do mal.
Mas sigo me divertindo nessa vertigem.

Você é a moçinha e eu sou o chato.
Entre a verdade e a mentira, a curiosidade.
Sendo assim, você é a fantasia e eu o ato,
entre o telefone e o toque, a vontade.

Quase todo dia escreves tu essa História...
Quase todo dia eu mudo o enlace deste enredo...
Quase todo dia estamos juntos na memória...
Quase todo dia sinto medo do meu medo.

[Fernando de Souza Júnior]

5)-Quando a Brincadeira Ganha Vida (Poema)



Quando a vida é brincadeira
a brincadeira ganha vida,
o que era chato não é mais chato,
me enveredo no quarto da menina.

Eu não sou aventureiro de instantes.
Nesta saga os brinquedos ganham vida,
valso com as bonecas na estante
e com os ursos rimos da menina.

Vou saltando de um livro ao outro
e me equilibrando sigo cantando.
Os brinquedos dançam em sincronia
e lá embaixo a menina segue sonhando.

Enquanto cirandamos aqui encima,
lá embaixo soam as poesias.
Como é sublime essa menina!
Quem é que liga para fantasias?

Se eu tenho o coração fechado, sou pequeno.
Quando me baseio em conceitos, não explico.
E se teimo com a razão, me confundo.
Mas ao aventurar-me com a menina, me divirto.



[Fernando de Souza Júnior]

4)-O Namorado dos Ventos (Poema)



Em nossa misteriosa companhia
escrevemos juntos a nossa poesia.
Depois que nos conhecemos
que sabor tem as nossas vidas?

Ouço-te quando escrevo,
tu és a minha nova canção,
se eu te faço bem
é porque sou eu cada estação.

Despe-te em meu Verão,
aquece-te em meu Inverno,
aflora-te em minha Primavera,
entristece-te em meu Outono.

Eu sou o senhor dos tempos;
sou o Passado que te faz lembrar,
sou o Presente que te faz sentir,
e o Futuro que te faz sonhar.

Sou eu o namorado dos ventos.


[Fernando de Souza Júnior]

3)-Morte e Vida, Menina... (Poema)



O corpo se alimenta de vida
e sem a felicidade enfraquece.
A relação se alimenta de momentos
e o corpo sem os sorrisos padece.

Quando murcha uma relação
brota outra no coração.
A esperança é terra fértil
é a fotossíntese da imaginação.

A morte que colheu o pai
um dia colherá a menina.
Neste ciclo, incerta é a sina...
Isso é a vida pedindo mais vida.

Lá fora faz frio e chove lágrimas...
Aqui dentro a menina respira sonhos.
Lá fora a chuva dilui as lástimas...
Aqui dentro a menina enamora os anjos.

[Fernando de Souza Júnior]

2)-Tino (Poema)



Consciente, desprendo-me de ti.
Entre as palavras, a certeza,
com tempos a reflexão.
Entre eu e você, um abismo.

Já estou lançado ao vento
porque eu sou leve e finito.
Sou uma invenção da escrita
só no teu imaginário eu existo.

Mas a vida, em desatino
cruzou nosso destino,
mas esqueceu-se a vida
que eu me alimento é de tino.

E se há mais algumas certezas;
é o mistério do seu olhar,
é a suavidade da sua pele,
são as fortes ondas do mar.

No dormir e no acordar
amiga... Encabulado
digo-lhe sem hesitar:
“Meu anjo, não vamos exagerar!”

[Fernando de Souza Júnior]
20 de Novembro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

1)- O Bilhete




Amanda:

Eu fui aquele que te fez rir do mundo. Eu fui aquele que advertiu o mundo sobre você. Porque você, mais do que qualquer outro "alguém", podia fazer o bem ou mal. 
Refletimos juntos sobre tudo. Sonhamos em tempos bons e fomos utópicos no nosso impossível.
Juntos, fomos o plural do ser. Fomos mais do que isso ou aquilo.
Achamos graça em tudo que não havia graça. Trocamos lembranças para sermos personagens imortais, memoráveis. Assim, estaríamos perto estando longe.
Houve um dia em que acreditamos em nós, mas eu fui aquele que não imaginava que um dia acabaríamos congelados no tempo de uma fotografia. 

Aquele: Glauber Delfim. 
23 de Dezembro de 2011


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

0)- Matuto Catuco (Poema)



Matuto Catuco...
Estou sempre confuso,
eu sempre estudo,
mas nunca sei tudo.


Procuro nos livros 
alguma razão,
Matuto Catuco,
não há solução.


Como entender 
a teoria do Ser?
Matuto Catuco,
nunca hei de saber.


Então, prefiro assim...
Melhor pra mim,
Matuto Catuco 
e nunca encontro um fim. 


[Fernando de Souza Júnior]
15 de Outubro de 2011