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sexta-feira, 6 de abril de 2012

42)- Pessoa EnCena (Crônica)



Pessoa. Como seria medi-la por dentro? Aquele sujeito é tão inventivo que já se imagina percorrendo em livres tormentas como protagonista de sonhos que duram três semanas e quando desperta a criadora daquele mundo imagético ele já se prepara para navegar em mares de vermelhidão triunfante onde é possível ouvir os gritos das almas desesperadas daqueles aventureiros(as) que um dia tentaram desafiar a fúria destas águas.
Ele admira-a o suficiente para chegar cedo ao teatro, comprar um ingresso e sentar-se na primeira fila e vê-la chorando e junto dela sentir as mesmas dores, compartilhar as mesmas dúvidas, vivenciar algumas experiências e assistir atentamente cada movimento da atriz que está contracenando com os seus dramas íntimos que variam dos seus “eus”, dos seus desejos às pessoas, um conflito constante com as suas verdades e mentiras.
Se para ela o paraíso é sinônimo de Rock’n Roll para ele não existe sinônimos no paraíso. O paraíso pode estar nos Quereres de Caetano, nas águas de Jobim e os seus Tons, no Blues de Janis, no I say a little prayer de Aretha, na guitarra de Clapton e no Jazz de Holiday. Neste paraíso é permitido sonhar alto, amar em realidade e sem ser vista como uma bruxa má! Não existem príncipes e nem princesas, mas existem pessoas de verdade, regidas pela Arte, gente com defeitos, gente bonita, gente feia, gente de carne, osso e louca para dar uma pedrada na cara da falsa felicidade. Vamos embarcar neste paraíso atemporal? Só não pode ter o fingimento como passaporte.
Ele continua estático, sentado na primeira fileira olhando-a atentamente e sentindo na pele o arrepio de ver aquela atriz, que nem é tão boa, mas oculta na face um pavor aos fins e expressa na fala um instinto mau dando um toque marcante em seu monólogo tragicômico. Que se danem os críticos de teatro! O mais importante é que ele está sentando na primeira fila assistindo a atriz que admitiu gostar quando se preocupam com ela, mesmo que seja por um minuto...
O teatro está quase vazio. As pessoas estão partindo rumo ao mundo mágico do “eu nunca vou te abandonar” e se lá estiver com uma superpopulação seguirão para o mundo do “eu te amo”. Mas sabe o que mais importa? É aquele que está sentado na primeira fila e permanecerá até o término do espetáculo e quando a atriz der a última saudação ele aplaudirá de pé e gritará bem alto: BRAVO!!!

P.S.: "Em resposta ao 'Votre amour me rend tenir' de Rebecca Yumei." 

2 comentários:

  1. Você foi um dos únicos que realmente capta o sentido de 'votre amour me rend tenir' Fico tudo perfeito.

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  2. Tua alusão ao 'Votre amour me rend tenir' de Rebecca Yumei." foi de extrema sensibilidade. Que por fim vem aflorando a cada escrito.

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