Pessoa. Como seria medi-la por dentro? Aquele sujeito é tão
inventivo que já se imagina percorrendo em livres tormentas como protagonista de
sonhos que duram três semanas e quando desperta a criadora daquele mundo
imagético ele já se prepara para navegar em mares de vermelhidão triunfante onde
é possível ouvir os gritos das almas desesperadas daqueles aventureiros(as) que um dia
tentaram desafiar a fúria destas águas.
Ele admira-a o suficiente para chegar
cedo ao teatro, comprar um ingresso e sentar-se na primeira fila e vê-la
chorando e junto dela sentir as mesmas dores, compartilhar as mesmas dúvidas,
vivenciar algumas experiências e assistir atentamente cada movimento da atriz
que está contracenando com os seus dramas íntimos que variam dos seus
“eus”, dos seus desejos às pessoas, um conflito constante com as suas verdades
e mentiras.
Se para ela o paraíso é sinônimo de
Rock’n Roll para ele não existe sinônimos no paraíso. O paraíso pode estar nos
Quereres de Caetano, nas águas de Jobim e os seus Tons, no Blues de Janis, no I
say a little prayer de Aretha, na guitarra de Clapton e no Jazz de Holiday.
Neste paraíso é permitido sonhar alto, amar em realidade e sem ser vista como
uma bruxa má! Não existem príncipes e nem princesas, mas existem pessoas de
verdade, regidas pela Arte, gente com defeitos, gente bonita, gente feia, gente
de carne, osso e louca para dar uma pedrada na cara da falsa felicidade. Vamos
embarcar neste paraíso atemporal? Só não pode ter o fingimento como passaporte.
Ele continua estático, sentado na
primeira fileira olhando-a atentamente e sentindo na pele o arrepio de ver
aquela atriz, que nem é tão boa, mas oculta na face um pavor aos fins e
expressa na fala um instinto mau dando um toque marcante em seu monólogo
tragicômico. Que se danem os críticos de teatro! O mais importante é que ele
está sentando na primeira fila assistindo a atriz que admitiu gostar quando se
preocupam com ela, mesmo que seja por um minuto...
O teatro está quase vazio. As pessoas
estão partindo rumo ao mundo mágico do “eu
nunca vou te abandonar” e se lá estiver com uma superpopulação seguirão
para o mundo do “eu te amo”. Mas sabe
o que mais importa? É aquele que está sentado na primeira fila e permanecerá
até o término do espetáculo e quando a atriz der a última saudação ele aplaudirá de
pé e gritará bem alto: BRAVO!!!
P.S.: "Em resposta ao 'Votre amour me rend tenir' de Rebecca Yumei."
Você foi um dos únicos que realmente capta o sentido de 'votre amour me rend tenir' Fico tudo perfeito.
ResponderExcluirTua alusão ao 'Votre amour me rend tenir' de Rebecca Yumei." foi de extrema sensibilidade. Que por fim vem aflorando a cada escrito.
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