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domingo, 22 de abril de 2012

44)-Desenho (Crônica)



Meu nome é Glauber Delfim. Vivo paixões que me surpreendem. Paixões que me fazem viver momentos inesquecíveis. Hoje eu abri a janela do meu quarto e me deparei com uma manhã feliz. A manhã estava mais bonita e inspirada o bastante para fazer com que o sol brilhasse e desse a mim cores mais quentes e vivas. Lá fora as pessoas contornavam as suas rotinas ao caminharem pelas ruas.
Naquele momento a minha janela servira de camarote e eu era o espectador de toda aquela encenação. Em meio aquele vai-e-vem de pessoas eu me perdia em diferentes emoções.
A manhã não estava bonita à toa. Ela sabia que a minha paixão não resistiria e insistiria em dar uma passadinha em minhas lembranças. A manhã estava inspirada e, com isso, eu também acabei ficando...
Fui até a minha escrivaninha peguei uma folha de papel em branco e um lápis 6b e voltei pra janela – eu queria aproveitar as cores do dia e as tramas que lá fora aconteciam. Debrucei-me na janela e ali comecei a rabiscar e em instantes os traços começara a ganhar as formas do meu sorriso – detalhes de mim que só são possíveis por causa da minha paixão. Eu, sozinho naquela folha em branco não era o bastante, o momento pedia mais, era preciso desenhar um cenário capaz de tornar memorável um trecho da história que é nossa. O Parque de Diversões foi a minha escolha.           
Rabisco. Em cada traçar de lápis o desenho ganha vida. É possível ouvir a multidão de passos e os burburinhos das pessoas. Nas enormes filas os casaizinhos de namorados se beijam, outros casaizinhos se entreolham, outros casaizinhos discutem, outros casaizinhos ficam de mãos dadas e há também os novos casaizinhos que se unem ali mesmo, na fila. Por isso, não existe outro cenário melhor para vivermos um breve momento daquela história que é nossa. O barulhinho do riscar do lápis é bom.
Risco. Este deu-nos vida breve e naquele instante eu pude ver-nos andar sobre a folha de mãos dadas, caminhávamos pelo Parque Fantasia e a cada passo nos descobríamos mais. Foram nos brinquedos altos que giram lá encima que superamos os nossos medos, os nossos corpos não tinham peso algum quando estavam nas alturas. Nos instantes de coragem abríamos os nossos olhos e de lá de cima víamos a cidade toda e as pessoinhas nos olhando de lá de baixo. Gritávamos que nem loucos!
Empolguei-me a desenhar. Corri até a escrivaninha e apanhei outra folha de papel em branco, nesta eu desenhei um momento único dessa história que é nossa.
Voltei pra janela, a manhã já estava se despedindo de mim, segue alegremente para o amanhã incerto e a tarde que chega se encarrega de dar seguimento à felicidade plantada pela manhã. Olhei para o céu e o sol parecia estar maior, mais bonito e mais quente também.
Retomo-me a desenhar. Na folha quebrei a vazies do branco com uma circunferência. Seria na roda gigante que manifestaríamos o ápice do nosso carinho. Neste desenho nós não tememos mais às alturas e o meu lápis faz girar a roda gigante. E lá encima não hesitamos em dar início a um beijo interminável. A sua boca estava mais quente, mais rosada e as suas bochechas estavam vermelhas anunciando uma leve timidez. Acolhi-te em meus braços e com uma das mãos eu acariciava a maciez da pele branquinha do seu rosto.
A roda gigante dá a sua última volta. Aproveitamos para sentir mais daquele momento bom. Embora a roda gigante gire conosco pela última vez eu acredito que estaremos juntos em outros lugares, sozinhos ou entre amigos, em dias de chuva, na rua, em algum lugar estaremos construindo a história que é tua e minha. A roda gigante pára, é tempo de sair da cabine. Despreguiçamo-nos... Demo-nos as mãos e na noite iluminada pelas luzes coloridas do Parque caminhamos devagar rumo à próxima página da história que é desenhada e escrita por nós.
Parei de desenhar. Olhei lá fora e vi que era o momento do sol se pôr. Fitei por algum tempo os desenhos que eu havia feito, dei um breve sorriso e percebi que sou capaz de registrar momentos que eu adoraria viver com você. Então, guardei os desenhos numa pasta voltei a me debruçar na janela – já era noite – as pessoas não mais caminha pelas ruas, a encenação havia acabado, mas as estrelas estavam fixadas no céu, brilhando, dando a mim outros tons, o ar estava fresco e fez-me respirar fundo a paixão que eu sinto por você.

P. S.: Sigo sonhando.

[Fernando de Souza Júnior]
22 de Abril de 2012

Um comentário:

  1. O que são os sonhos? O que é real? Um apenas precede ao outro. Sonhos nos alimenta a alma para lutarmos e os tornamos reais.

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