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segunda-feira, 11 de junho de 2012

51)-Parte II: Vaivéns (Crônica)



Voltar é difícil. Dá uma sensação de tristeza, bate uma saudade... Sim, sensações estas que me levam a um ligeiro arrependimento. Por que fui amar alguém? Não sei, apenas sei que jamais as coisas serão como antes. O meu quarto está frio, a luz está apagada, a janela está entreaberta permitindo a entrada de um feixe de luz natural que ilumina parcialmente o cantinho que ainda é meu. A minha mãe manteve a porta trancada desde o dia da minha partida, os móveis ainda permanecem no mesmo lugar, os livros, os ursos, as fotografias, as minhas canetas agora são apenas recordações e não mais parte de mim, daquela vida que vivi ou daquelas coisas que senti. Aquele cantinho, que sempre foi meu, agora é um cenário mórbido. Triste? Sim... Mas eu voltei. Quero desenterrar as palavras que aqui deixei. Quero relê-las. Quando eu as escrevi não tive coragem de entregar ao meu último Amor, me arrependo por isso, ainda hoje sofro.
Aqui estou diante das minhas últimas palavras. Nesta carta eu narrei os momentos que protagonizei junto da minha Princesa. Passamos um bom período nos censurando, nos amando veladamente... Você, leitor, aquiete-se! Leia silenciosamente a carta que escrevi e que ainda hoje permanece aqui, sobre a minha escrivaninha.

Oi Luana!

Eu espero que você esteja bem. Sabe, nos últimos dias tenho pensado muito em nós, no que vivemos juntas, das nossas confidências, da nossa primeira conversa... Nossa! O tempo passou tão rápido... em mim ainda existe a vontade de viver um pouco mais da nossa História.
Nunca hei de esquecer aquele dia em que andávamos juntas no parque de mãos dadas, o vento forte em nossas faces, as folhas caindo das árvores, o sol brilhando só para nós, o céu azul, tudo foi tão lindo... Esse dia passa diante dos meus olhos como um Filme. Lembra daquele “Eu te Amo”? Ficamos tão extasiadas. Confesso-te que o meu coração bateu forte e o seu?
Desde o momento em que nos conhecemos, na festa da escola, jurei para mim mesma que seria você a pessoa que eu confiaria todos os meus sentimentos. Você me viu chorar muitas vezes, me fez rir outras tantas. Fomos uma realidade. Uma realidade louca! (risos)
Lembra do dia que nós brigamos? Foi por um motivo tão idiota, ficamos sem nos falar por uma semana, mas nós nos amávamos e não resistimos a distancia, nos abraçamos, os nossos corpos estavam fervorosos e nem precisamos dizer nada, apenas nos olhamos e vimos refletidos em nossos olhos o sentimento ainda mais latente, vivo, nos beijamos pela primeira vez... Naquele momento percebemos que o Amor era uma coisa que existia de verdade.
Eu quero te dizer que eu não me arrependo de nada que fizemos juntas, pelo contrário, me arrependo das chances que tivemos de irmos além da nossa loucura e deixamos passar. Incrível não?! Você chegou assim, de pára-quedas, nessa confusão chamada “minha vida” e já foi tomando conta de mim. Eu não me imagino mais sem você.
Linda. É assim que você é quando fica brava comigo. Quem eu serei sem as tuas broncas, sem os teus abraços e sem o seu perfume? Ninguém, ou melhor, serei uma metade sem razão.
Ao seu lado eu fui mais do que feliz, fui um ser completo. Você é mais do que uma melhor Amiga, você é a minha paixão. Por isso, nunca conseguirei te agradecer o suficiente pelas longas horas que passamos juntas. Nunca... Nos períodos difíceis, nas horas felizes e nos momentos mais loucos era você que estava ali, ao meu lado.
Saiba de uma coisa: “Eu te Amo e Sempre vou te Amar.”

Daquela que sempre te carregará no coração: Cristina M.   
      
Por que a minha mãe deixou essa carta aqui esses anos todos? Será que ela quis deixar vivos os meus últimos sentimentos? Ela sempre soube de tudo... Para mim essas palavras estão mortas, vim desenterrá-las e encorajar-me a entregar esta carta à Luana que deve estar triste a espera de alguma justificativa, sei lá... Algo concreto que explique essa minha partida trágica.
Algum tempo passou, nesta casa me tornei uma recordação, assim como todos os meus abjetos. É certo que alguma hora minha mãe entrará aqui, neste exílio que foi meu, se lembrará de mim, mas sobre a escrivaninha só restarão a caneta e os dois CDs. Esses sentimentos, que um dia foram meus, devem chegar nas mãos da minha Princesa. É importante que ela saiba o quanto eu fui apaixonada nesta vida tão breve.

Continua... 

2 comentários:

  1. Muito interessante,porém intrigante...
    Estarei aguardando anciosa pela proxima parte!

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  2. Bastante intrigante também.
    Confirma algumas suspeitas deixadas pela primeira parte da crônica.

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